ATA DA OCTOGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 29-8-2012.
Aos vinte e nove dias do
mês de agosto do ano de dois mil e doze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores
Adeli Sell, Airto Ferronato, Alceu Brasinha, Bernardino Vendruscolo, Carlos
Todeschini, Dr. Raul Torelly, Elói Guimarães, Engenheiro Comassetto, Fernanda
Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José
Freitas, Kevin Krieger, Luiz Braz, Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Nelcir
Tessaro, Tarciso Flecha Negra e Toni Proença. Constatada a existência de quórum,
o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Beto Moesch, DJ Cassiá, Dr.
Goulart, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, Márcio
Bins Ely, Mario Manfro, Paulinho Rubem Berta, Professor Garcia, Sofia Cavedon,
Valter Nagelstein e Waldir Canal. Do EXPEDIENTE, constaram: Comunicados do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação,
emitidos no dia dez de agosto do corrente; Ofícios do Fundo Nacional de Saúde
do Ministério da Saúde, emitidos nos dias dezesseis e dezessete de julho do
corrente; e Ofício nº 047/12, do senhor Antonio José Gonçalves Henriques,
Diretor Executivo do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Durante a Sessão, deixaram de ser
votadas as Atas da Sexagésima Sétima, Sexagésima Oitava, Sexagésima Nona,
Septuagésima, Septuagésima Primeira, Septuagésima Segunda e Septuagésima
Terceira Sessões Ordinárias e a Ata Declaratória da Décima Sétima Sessão
Extraordinária. A seguir, por solicitação do vereador João Antonio Dib, foi
realizada verificação de quórum, constatando-se a existência do mesmo. Em
Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 003/11 (Processo nº 0821/11), considerando-se mantido o Veto
Total oposto, por dezessete votos SIM e três votos NÃO, após ser discutido
pelos vereadores Luiz Braz, Engenheiro Comassetto, Adeli Sell, Fernanda
Melchiona, Dr. Raul Torelly, Sofia Cavedon, Carlos Todeschini, João Antonio Dib
e Bernardino Vendruscolo, tendo votado Sim os vereadores Adeli Sell, Bernardino Vendruscolo, Beto Moesch,
Carlos Todeschini, Dr. Raul Torelly, Engenheiro Comassetto, Fernanda
Melchionna, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, José Freitas, Kevin Krieger, Luiz
Braz, Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Nelcir Tessaro, Sofia Cavedon e Toni
Proença e Não os vereadores DJ Cassiá, Haroldo de Souza e João Antonio
Dib. Em Discussão Geral e Votação, foram apreciados conjuntamente e aprovados
os Projetos de Resolução nos 052/11, 013 e 014/12 (Processos nos
4044/11, 0749 e 0764/12, respectivamente). Em Discussão Geral e Votação, foi
aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 012/12 (Processo nº 0679/12). Em
Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 077/12
(Processo nº 0947/12), o qual, após ser discutido pelo vereador Nelcir Tessaro,
teve suspensa sua discussão, em face da inexistência de quórum deliberativo. Na
oportunidade, foi votado Requerimento de autoria do vereador João Antonio Dib,
solicitando o adiamento, por três Sessões, da discussão do Projeto de Lei do
Legislativo nº 077/12 (Processo nº 0947/12), o qual obteve um voto SIM e
quatorze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos vereadores João
Antonio Dib, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Idenir Cecchim, Adeli
Sell e Paulinho Rubem Berta, em votação nominal solicitada pelo vereador João
Antonio Dib, tendo votado Sim o vereador João Bosco Vaz e Não os vereadores Adeli Sell, Carlos Todeschini, Dr. Raul Torelly, Engenheiro
Comassetto, Fernanda Melchionna, José Freitas, Kevin Krieger, Luiz Braz, Maria
Celeste, Nelcir Tessaro, Paulinho Rubem Berta, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha
Negra e Toni Proença, votação
essa declarada nula pelo senhor Presidente, em face da inexistência de quórum
deliberativo. Às quinze horas e trinta e cinco minutos, constatada a
inexistência de quórum deliberativo, o senhor Presidente declarou encerrada a
Ordem do Dia. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 3ª Sessão, esteve o
Projeto de Lei do Executivo nº 037/12, discutido pelo vereador Engenheiro
Comassetto e pelas vereadoras Sofia Cavedon e Maria Celeste. Às quinze horas
e quarenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às quinze horas e cinquenta e um minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores João
Antonio Dib, Nelcir Tessaro e Idenir Cecchim. Também, foi apregoado documento de autoria do vereador Mario Manfro, Líder da Bancada do PSDB, informando que
o vereador Luiz Braz passaria a integrar a Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar os fatos
relacionados à parceria estabelecida entre a Prefeitura Municipal de Porto
Alegre e o Instituto Ronaldinho Gaúcho. Durante a Sessão, os vereadores João
Antonio Dib, Adeli Sell e Luiz Braz manifestaram-se acerca de assuntos diversos
e foi registrada a presença, neste Plenário, do senhor Reginaldo da Luz Pujol, ex-vereador deste
Legislativo. Às
dezesseis horas e quarenta e três minutos, constatada a inexistência de quórum,
em verificação solicitada pelo vereador Idenir Cecchim, o senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo vereador Haroldo de Souza
e pela vereadora Fernanda Melchionna e secretariados pelo vereador Carlos
Todeschini. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e
aprovada, será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Havendo quórum, passamos à
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, solicitaria a V. Exa. que, antes de entrar na Ordem do
Dia, quando deveria haver uma nova verificação de quórum, corressem a Pauta e a
Pauta Especial, em função das necessidades tanto da Câmara quanto do Executivo.
O SR. ADELI
SELL: Nós podemos concordar em começar a votação imediatamente, desde que a
gente faça depois... e nós vamos dar quórum para correr Pauta Especial depois
da Ordem do Dia. Podemos antecipar tudo, tem um público aqui que precisa ver a
nossa votação, é importante. Votamos e, depois, entramos na Pauta e na Pauta
Especial.
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Não houve acordo. Estamos, então, na Ordem do Dia.
(Pausa.)
A pedido do Ver. João Antonio Dib, faço uma nova
verificação de quórum, embora nós tenhamos, no painel, o registro da presença
de mais de 19 Vereadores.
Solicito a abertura do painel eletrônico para
verificação de quórum, solicitada pelo Ver. João Antonio Dib. (Pausa.) (Após o
fechamento do painel eletrônico.) Dezenove Vereadores presentes.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. Nº 0821/11 – VETO
TOTAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 003/11, de autoria do Ver. Luiz Braz, que
inclui incs. XXVIII E XXIX no caput do art. 70 da Lei Complementar nº 7,
de 7 de dezembro de 1973, e alterações posteriores – que institui e disciplina
os tributos de competência do Município –, incluindo as pessoas com esclerose
múltipla e as pessoas com ataxia dominante no rol de isentos do pagamento do
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana.
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. Mauro Pinheiro: pela rejeição
do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
– aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO
– rejeita o Projeto,
aceita o Veto.
- Trigésimo dia: 29-08-12
(quarta-feira).
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Em discussão o PLCL nº 003/11, com Veto Total.
(Pausa.) O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLCL nº 003/11,
com Veto Total.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, senhoras e senhores; este Veto é um daqueles que o Executivo não
deveria perder o seu tempo para fazer com que o processo voltasse para a Câmara
Municipal, Ver. Dr. Raul. Quando estávamos discutindo o Projeto – e o aprovamos
–, aqui estava o representante da Secretaria da Saúde do Município. E nós
fizemos ver ao representante da Secretaria da Saúde do Município que todas as
limitações para não permitir que pessoas abastadas, pessoas que tenham imóveis
que custam muito caro possam entrar na isenção já existente no art. 70 da Lei
Complementar nº 007. Elas estão lá para todas as doenças que estão elencadas no
art. 70 da Lei Complementar nº 007. A única coisa que nós fizemos foi incluir a
esclerose múltipla e, depois, através de uma Emenda, as ataxias dominantes, no
rol dessas doenças. As doenças estão lá, assim como as limitações, que já estão
impostas pelo art. 70. Não precisaria este Vereador colocar outras limitações.
Eu ouvi da área técnica da Prefeitura Municipal que precisaria haver limitação,
mas eu estou apenas incluindo uma doença no rol das que já existem no art. 70.
Por isso eu não preciso mais colocar as limitações, as limitações já estão lá.
Foi votado nesta Casa, e eu me lembro muito bem de que, quando votamos essas
limitações, tivemos uma discussão ampla, porque, afinal de contas, nós ficamos
apenas em imóveis com valor de até 60 mil UFMs. A UFM, hoje, está no valor de
mais ou menos R$ 2,00; são imóveis no valor de R$ 120 mil. Aí está a limitação!
Já está lá na legislação. Não precisamos, sempre que formos incluir alguma
doença naquele rol do art. 70, colocar mais limitações; não precisamos mais!
Um outro argumento que foi utilizado na época em
que aprovamos este Projeto de Lei é que o número de pessoas portadoras de
esclerose múltipla, no Município de Porto Alegre, não é um número grande, é um
número pequeno. Assim como aquelas pessoas que têm o problema de ataxias
dominantes, é um número pequeno de pessoas. Então, a repercussão financeira é
praticamente nenhuma; a repercussão financeira é praticamente zero. Como
estávamos, Ver.ª Fernanda, apenas colocando mais uma doença naquele rol que
existe no art. 70 – é o câncer, é o diabetes, doenças com as quais as pessoas
perdem a sua condição de trabalhar de uma maneira normal. E, como elas perdem
essa condição de suprir suas necessidades, nós damos as isenções através da
lei. Ora, se é injusto nós colocarmos a esclerose múltipla entre as doenças que
oferecem limitação para as pessoas, dificuldade de sobrevivência, aí eu não sei
mais o que é justo, pois é extremamente justo, Ver. Dr. Raul, que a gente
coloque, neste rol de doenças que está citado na legislação, a esclerose
múltipla. E através de uma Emenda, acho que de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon,
entrou também uma das espécies de ataxias dominantes.
Eu acredito que ficaria muito bom se nós
deixássemos que essas doenças fizessem parte daquele rol. Não vai causar nenhum
prejuízo para o Município; não existe, na verdade, nenhuma previsão que possa
ser feita, Ver. Idenir Cecchim, porque é tão ínfimo o número de pessoas que têm
hoje esse problema de esclerose múltipla e de ataxias dominantes que, na
verdade, não vai causar nenhum impacto financeiro. Por isso é praticamente
impossível se dizer qual o impacto que vai causar, não tem impacto! Apenas é
uma questão de justiça até constitucional, porque todas as pessoas que têm as
mesmas condições devem ser tratadas da mesma forma, da mesma maneira. Esse é um
problema de Constituição, e eu acho que nós vamos agir muito bem se pudermos
hoje derrubar esse Veto, fazendo com que essas duas doenças também possam
constar no rol das que recebem esse benefício do art. 70 da Lei Complementar nº
007.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra
para discutir o PLCL nº 003/11, com Veto Total.
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, senhoras e senhores; quero cumprimentar as duas
entidades que estão aqui hoje com os seus familiares: a Associação dos Amigos,
Parentes e Portadores de Ataxias Dominantes, cumprimento o Geraldo, o seu
Presidente; e os moradores do Passo das Pedras, que estão aqui pela
regularização fundiária, cumprimento todos. Quero dizer que esta Casa ajudou a
construir um Projeto de Lei, que é de autoria do Ver. Luiz Braz, propondo que
um conjunto de cidadãos de Porto Alegre – portadores de esclerose múltipla –
pudesse ser enquadrado num benefício que outros cidadãos já têm, que é a
isenção de pagamento do IPTU. E nós propusemos em conjunto
que também as pessoas portadoras de ataxias dominantes fossem enquadradas no
mesmo rol, porque a lei já existe, e a lei já enquadra algumas doenças. A lei
diz, por exemplo, que os portadores do mal de Hansen já podem ser isentos dos impostos. Por que não as pessoas
portadoras de esclerose múltipla e de ataxias? Essas doenças, para quem não
sabe, as duas, têm uma característica muito semelhante: as pessoas vão perdendo
a mobilidade dos seus corpos, chegando a um ponto em que não conseguem mais se
locomover. A cabeça continua funcionando a mil, até desenvolvendo um potencial
ainda maior, porque necessitam ter toda uma elaboração intelectual, inclusive
para enfrentar esse drama. Essas doenças são hereditárias, e uma família que
possua um membro com uma dessas doenças pode transmitir para seus descendentes.
Nós discutimos nesta
Casa o Projeto, o propusemos, e foi aprovado. Foi para o Sr. Prefeito Municipal
e o Prefeito disse não. Como já disse aqui o Ver. Luiz Braz, a incidência no
Orçamento do Município é insignificante, Presidente, se nós computarmos que o
Orçamento que está sendo previsto para o próximo ano é de R$ 5,2 bilhões.
Agora, eu pergunto ao Sr. Prefeito Municipal e aos colegas Vereadores, qual é a
diferença do portador de uma doença como o mal de Hansen para os portadores de
outras doenças como a esclerose múltipla e ataxias dominantes? Ver. Dr. Raul, o
senhor que é médico, responda.
(Aparte
antirregimental do Ver. Dr. Raul Torelly.)
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Não tem
diferença. Portanto, a Cidade não pode tratar os seus cidadãos com pesos
diferentes. Ela tem que tratar com um tom de igualdade, tem que tratar com a
afirmação que a lei já pressupõe, que é o direito a um benefício para essas famílias, porque muitas delas não têm condições de se
locomoverem, não têm condições de ter veículo, não têm condições de pagar
transporte público. Portanto, qualquer recurso é bem-vindo, porque nós sabemos
como está o sistema de saúde. Aqui no Município, uma pessoa dessas que precisa
enfrentar o SUS já sabe o que acontece: vai às 3h para a fila e, muitas vezes,
acaba tendo que ir embora sem ser atendida.
Então, eu peço aos
colegas Vereadores e Vereadoras, principalmente ao Ver. João Antonio Dib, Líder
do Governo, que venhamos a unificar o voto e derrubar o Veto do Sr. Prefeito
Municipal. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente,
apenas um aviso, que se faz extremamente necessário: amanhã, nós deveríamos
fazer aqui neste plenário, pela manhã, uma reunião com o Ministério Público, o
Executivo e mais os taxistas, para resolver o problema das permissões, mas, a
pedido do Ministério Público, nós estamos transferindo essa reunião para daqui
a duas semanas. Por isso, este plenário, que seria utilizado amanhã pela manhã
para essa reunião, não o será mais.
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Está feito o
registro, Ver. Luiz Braz.
O Ver. Adeli Sell
está com a palavra para discutir o PLCL nº 003/11, com Veto Total.
O SR. ADELI SELL: Serei brevíssimo, na
verdade, para dizer aquilo que eu disse exaustivamente quando nós aprovamos o
Projeto: ele é meritório, é necessário. Nós estamos tratando de uma questão
fundamental, que é de saúde pública, da esclerose múltipla, bem como de
ataxias. Portanto, eu sou pela derrubada do Veto, e chamo meus colegas a
aderirem a esta posição. Sem mais delongas, muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Ver.ª
Fernanda Melchionna está com a palavra para discutir o PLCL nº 003/11, com Veto
Total.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente, Vereadores e Vereadoras, comunidades que nos acompanham, também
pretendo ser muito breve. Tenho apenas dois comentários, Ver. Luiz Braz.
Primeiro, quero falar sobre a importância de que a gente derrube o Veto. O
Projeto é meritório, de fato já existe a isenção do IPTU para outras doenças
graves também, o que nós achamos que é correto, como o câncer, o mal de Hansen, e agora
inclui duas doenças que são extremamente complicadas, que é a esclerose
múltipla, e não precisa ser médico ou especialista em saúde para saber os
graves danos que uma doença como essa traz para a pessoa e seus familiares que
acompanham, e as ataxias dominantes.
Acho que esta Câmara tem que manter a sua
coerência. Nós aprovamos o Projeto. O Projeto foi votado pela ampla maioria dos
Vereadores, e o Executivo não pode, de maneira unilateral, vetar um Projeto
importante que já existe na Lei de Porto Alegre, e, agora, a Câmara e a base do
Governo querem usar a sua maioria para derrubar este Projeto importante.
Em segundo lugar, quero falar das grandes
distorções e desigualdades que existem na cobrança do IPTU. É fato que o IPTU é
cobrado pela localização e pelo tamanho do imóvel, mas não existe uma taxação
no IPTU conforme a quantidade de imóveis que a pessoa tem. Por exemplo, alguém
que tem dez imóveis paga o mesmo imposto que as pessoas que têm apenas um
imóvel na localidade. Então, aqueles que especulam, que ganham dinheiro
especulando com imóveis vazios – enquanto tem 50 mil pessoas sem ter onde morar
na nossa Cidade – pagam a mesma coisa que o povo mais pobre.
Quero defender novamente para que tenha IPTU
progressivo em Porto Alegre, que haja taxação para quem tem mais de quatro
imóveis, para que se comece a fazer justiça, porque o Brasil, ao mesmo tempo em
que se diz a 6ª economia do Mundo, é o país em 84º em desigualdade social, e o
povo assalariado é o que mais paga imposto; os ricos, proporcionalmente, pagam
menos impostos que os trabalhadores, e muitos empresários desonestos ainda
sonegam impostos. Portanto, pela derrubada do Veto e pela aprovação do Projeto.
Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra para
discutir o PLCL nº 003/11, com Veto Total.
O SR. DR. RAUL
TORELLY: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, todos os que nos dão a honra da sua presença aqui nesta Casa hoje,
na condição de médico-Vereador, faz-se necessário que eu venha a este microfone
expressar a minha posição de alguém que, ao longo de mais de 30 anos, vem
atendendo os mais diversos pacientes como clínico em postos de saúde em Porto
Alegre. Muitas vezes já defrontei com casos de ataxias dominantes, de esclerose
múltipla, de hanseníase, a nossa estigmatizada lepra; tive a oportunidade de
atender e ver o quão é difícil a vida dessas pessoas. Então, eu acredito no
Projeto que aprovamos aqui na Casa e que foi vetado pelo nosso Prefeito, talvez
por uma condição administrativa. Acredito de maneira humanitária de quem vê as
lesões, a progressão dessas doenças que afetam o sistema nervoso e o ser humano
como um todo; acho importante que a gente aqui dê um sinal que realmente, se
impõe que nós derrubemos o Veto e mantenhamos o Projeto que foi aprovado aqui
na Casa. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para
discutir o PLCL nº 003/11, com Veto Total.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Ver. Haroldo, que preside a Sessão; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras,
população que acompanha os trabalhos desta Casa, nós estamos discutindo um Veto
a uma construção que a Câmara fez, uma construção bastante importante, porque
há uma sensibilidade que a Casa teve, não gratuitamente, eu tenho certeza, Ver.
Braz, Ver. Engenheiro Comassetto, que fez a Emenda das ataxias. Eu fiz uma
Emenda também, na ocasião, incluindo as vítimas de talidomida. O Plenário não
entendeu que devia aprovar. São poucas essas pessoas e vivem a mesma situação
do que essa pequena população – não tão pequena como a gente vem descobrindo.
Cumprimentando o Geraldo, eu quero cumprimentar a
Diretoria da AAPPAD, que aqui está e que tem demonstrado aqui nas Comissões,
nas propostas que fazem, no debate que fazem com a Casa, no Fórum de Inclusão,
no GT de Acessibilidade no ano passado, a extrema dificuldade e o quão oneroso
fica para uma família, para uma pessoa acometida de uma dessas doenças, porque
por mais que hoje a tecnologia, a Ciência, o atendimento em Saúde tenha
evoluído, Ver. Braz, ele é muito lento diante das perdas que o indivíduo, que é
o homem e a mulher, inclusive na fase adulta, tem ao ser surpreendido, ao ser
tomado por uma redução da sua capacidade motora, fundamentalmente nesse caso. E
aí são necessários suportes de toda ordem, atendimento especializado em saúde,
que nós sabemos como é difícil. Sabemos também como é difícil o atendimento
continuado em nosso sistema de Saúde: a disponibilização de cadeiras de roda,
bengalas, as diferentes tecnologias assistivas, que são caras, que são
demoradas, que precisam ser adaptadas. E, no cotidiano, o exemplo do carro
adaptado, quando a pessoa ainda tem condição de dirigir. No caso da talidomida,
a gente vê que há um grupo muito pequeno em Porto Alegre, quão valorosos são, e
a luta para conseguir ter a dignidade de um sujeito – entre aspas – normal.
Mais, sempre tem que estar apoiado pelo cuidador; quando chega a uma certa
medida é importante, é fundamental ter um cuidador para garantir uma vida
social, com os deslocamentos necessários, a ida ao trabalho...
Então, de fato, nós temos que construir
instrumentos de apoio a essas famílias, a esses sujeitos e a essas mulheres.
Essa foi uma singela contribuição que a Casa acumulou, que a Casa construiu, de
forma quase consensuada, incluindo aqui as ataxias dominantes e a esclerose
múltipla como situações que geram o benefício do IPTU.
Eu acho que faltou sensibilidade e compreensão do
papel que esta Câmara faz, que não é uma dádiva de Vereador ou Vereadora, que é
uma luta inglória, na maioria das vezes, de entidades, de associações e das
pessoas que, com todas as dificuldades físicas, saem de casas, organizam-se,
fazem seminários, tentam influenciar, no caso das ataxias, que não têm ainda
uma previsão no SUS, que não têm ainda uma formação adequada do conjunto dos
trabalhadores da Saúde para a pessoa não demorar a ter o diagnóstico e ter uma
intervenção adequada. Quer dizer, toda essa luta, quando gera uma pequena vitória,
o Executivo não reconhece que é fundamental, que ela vai dar uma energia nova,
positiva, um apoio, um suporte para enfrentamento numa situação tão dura.
Então, eu também faço aqui o apelo para que o conjunto dos Vereadores corrija
esse entendimento do Governo e mantenha a posição desta Casa no sentido de
incluir, nos beneficiados da isenção do IPTU, essas situações tão graves e que
tiram da pessoa a condição de estar, com autonomia, convivendo na Cidade.
Então, pela derrubada do Veto do Sr. Prefeito.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para
discutir o PLCL nº 003/11, com Veto Total.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Vereadores e Vereadoras, público
que nos assiste, os representantes da Associação dos Amigos, Parentes e
Portadores de Ataxias Dominantes, eu venho aqui utilizar um breve espaço para
fazer um apelo aos Vereadores que aprovaram, por unanimidade, no 1º turno, este
Projeto, eu peço que mantenham a rejeição ao Veto, por se tratar de uma questão
de Saúde pública, por se tratar da vida de muitas pessoas. A aprovação dessa
Lei, a manutenção do Projeto significará um pequeno auxílio, uma pequena força
no enfrentamento dessas grandes dificuldades que tem esse grupo, que tem essa
coletividade de pessoas. Então, eu venho aqui só para reforçar e apelar para
que o Plenário mantenha a coerência: rejeite o Veto e mantenha o Projeto.
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Temos a inscrição do Ver. João Antonio Dib, nobre
decano, dez mandatos na Câmara Municipal de Porto Alegre, um dos Parlamentares
mais brilhantes do Município de Porto Alegre.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para
discutir o PLCL nº 003/11, com Veto Total.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Srs. Vereadores, meus senhores e
minhas senhoras, eu vou seguir o conselho do Ver. Todeschini, da Ver.ª Fernanda
e vou ser coerente. Na Comissão de Finanças, o Parecer por mim dado era pela
rejeição do Projeto, mas foi aprovado por unanimidade; fiz alicerçado na Lei
Orgânica, art. 37, e na Lei de Responsabilidade, completamente como devia ser
feito. Acho que a solução há de vir agora, porque ontem o Senado aprovou – e o
PT impediu – os 10% da receita tributária da União para a Saúde. Eu espero que
a Câmara Federal faça o mesmo.
Agora, o autor do Projeto está dizendo que as
pessoas que têm esclerose múltipla ou ataxias dominantes tenham isenção de
IPTU. O que representa na vida de algumas pessoas? A primeira coisa: é preciso
que o indivíduo que tenha esclerosa múltipla ou ataxias seja proprietário do
imóvel; se o proprietário for o pai dele, não tem. Então, eu acho que pouca
gente se enquadraria nesse benefício que está sendo dado – tentando ser dado –
contrariando a legislação vigente, muito pouca gente. Se o filho é o
proprietário do imóvel e o pai tem ataxias ou esclerose múltipla, o
proprietário não leva nada. Nem isso aqui foi esclarecido. Apenas há a vontade
de fazer um Projeto de Lei dando uma oportunidade, dizendo que é interesse
social. É assim que começa a exposição: estabelecer a justiça social e
igualdade dos contribuintes. Portanto, dentro dessa justiça social e igualdade
dos contribuintes, eu mantenho o meu Parecer da Comissão de Finanças, que, pela
totalidade dos integrantes, foi pela rejeição. Então, eu vou votar pela
rejeição do Projeto.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra
para discutir o PLCL nº 003/11, com Veto Total.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente; Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras; eu conheço esse Projeto, porque nós o debatemos na CCJ – acho que
foi por proposição do Ver. Braz, que nós debatemos esse Projeto lá.
Ver. Braz, eu concordo com V. Exa., mas eu vou
noutra linha. Eu acho que nós não podemos ficar discriminando doenças. Se for
doente, é doente. Se um doente tem essas garantias, por que o outro doente não
vai ter?
O Sr. Luiz
Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino,
ouço V. Exa. com atenção, assim como ouvi todos os colegas. O rol de doenças
que está no art. 70 é de doenças graves, todas elas são doenças graves; o que
nós estamos colocando são mais outras duas doenças graves nesse rol. O que
argumentou o Ver. João Dib poderia argumentar para qualquer outra doença,
então, ele é contra aquela relação de doenças que está no art. 70, ele é contra
isso. Então, não é um problema de tornar legal o Projeto de Lei, é um problema
de o Ver. João Dib não querer que aquelas pessoas que estão doentes fiquem ali
naquele rol.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Eu não sei se é bem isso, mas, de qualquer sorte,
eu votarei com V. Exa., até porque, até o presente momento, não veio nenhuma
informação técnica que diga ou que faça uma avaliação dessa ou daquela doença.
O Sr. João
Antonio Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver.
Bernardino, não é o Ver. João Dib que não quer que o Projeto seja aprovado; é a
legislação brasileira, a Lei Orgânica que nós juramos cumprir que diz que não é
para ser aprovado. E eu tive aprovado o meu Parecer, por unanimidade, na
Comissão de Finanças.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. João Antonio Dib, se fosse por Parecer de
Comissões, meu Deus do céu, nós teríamos que diminuir o nosso trabalho aqui em
99%. Então, os pareceres, nós respeitamos, mas muitos pareceres são mais
políticos do que técnicos.
O Sr. Luiz
Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu pergunto ao Ver.
João Dib, por meio de Vossa Excelência: se as pessoas também, dentro da
Constituição – já que ele está defendendo a legalidade, e eu também gosto muito
de defender a legalidade –, nas mesmas condições, não devem ter tratamento
equânime, igualitário. É isso que nós estamos procurando dar, e é exatamente a
linha do seu discurso.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Exatamente – vou tentar argumentar mais –, é nessa
linha da questão da igualdade, da equidade, que nós votaremos. Votaremos “sim”,
Ver. Braz, ao seu Projeto.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Em votação nominal o PLCL nº 003/11, com Veto
Total. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO o Projeto por 17 votos SIM e 03 votos NÃO. Mantido o Veto Total.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 0764/12 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 014/12, de autoria do Ver. João Carlos
Nedel, que concede o Diploma
Honra ao Mérito ao senhor Günther Reginaldo Staub.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Waldir Canal: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto;
- da CECE. Relator
Ver. Haroldo de Souza: pela aprovação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 04-07-12.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 0749/12 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 013/12, de autoria do Ver. Reginaldo
Pujol, que concede o Diploma
Honra ao Mérito ao senhor Robson Machado Dias.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Bernardino Vendruscolo: pela inexistência de óbice de natureza jurídica
para a tramitação do Projeto;
- da CECE. Relator
Ver. Haroldo de Souza: pela aprovação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 06-08-12.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 4044/11 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 052/11, de autoria do Ver. Idenir
Cecchim, que concede o
Diploma Honra ao Mérito ao Lindóia Tênis Clube, em face do trabalho realizado
pela Confraria Lindóia Gourmet.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Bernardino Vendruscolo: pela inexistência de óbice de natureza jurídica
para a tramitação do Projeto;
- da CECE. Relatora
Verª Sofia Cavedon: pela aprovação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 29-08-12.
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Em discussão o bloco composto pelos PR nº 014/12,
PR nº 013/12 e PR nº 052/11. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram.
(Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 0679/12 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 012/12, que declara de utilidade pública a
Associação de Moradores Núcleo Prisma e Arredores.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela inexistência de óbice de natureza
jurídica para a tramitação do Projeto;
-
da CEFOR. Relator Ver. José Freitas: pela aprovação do Projeto;
-
da CECE. Relator Ver. Professor Garcia: pela aprovação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 02-07-12.
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Em discussão o PLE nº 012/12. (Pausa.) Não há quem
queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC. Nº 0947/12 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 077/12, de autoria do Ver. Engenheiro Comassetto e outros, que cria, como Área Especial de Interesse
Social IV (AEIS IV), Subunidades nas Unidades de Estruturação Urbana (UEUs) 056
e 078 da Macrozona (MZ) 03, altera limites de Subunidades que lhe são
adjacentes e dá outras providências.
Parecer:
-
da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela inexistência de óbice de natureza
jurídica para a tramitação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
por força do art. 81 da LOM em 22-08-12.
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Em discussão o PLL nº 077/12. (Pausa.) O Ver.
Nelcir Tessaro está com a palavra para discutir o PLL nº 077/12.
O SR. NELCIR
TESSARO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, público que nos
assiste, quero saudar todos os moradores do Passo das Pedras, que vêm há tantos
anos brigando pela regularização da sua área naquele local onde estivemos
diversas vezes, a Ver.ª Maria Celeste também esteve presente, vendo aquelas
condições em que estão aquelas famílias e aquela pressão que existe lá
justamente pela tentativa de retirada daquelas famílias que têm o justo direito
de lá permanecer, pelo muito tempo que lá estão e pelo reconhecimento da
sociedade porto-alegrense.
Quero dizer que estamos votando o Projeto de Lei do
Legislativo, de autoria do Ver. Engenheiro Comassetto, porque entendemos que
este Projeto deve, sim, ser aprovado, porque, nesta Cidade, onde há cerca de 50
mil famílias inscritas esperando habitações, vivendo em condições subumanas, e
nos últimos quatro anos, foram construídas apenas 1.408 unidades habitacionais
para famílias com renda de zero a três salários mínimos em parceria com o
programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal. Esse número não
condiz com a realidade de Porto Alegre, pois, quando chega o inverno – embora
tenha feito calor de verão na semana passada –, as famílias estão sofrendo cada
vez mais, aguardando. A Caixa tem a disponibilidade financeira, mas a nossa
máquina pública, enferrujada, não permite a aprovação e a agilização dos
projetos de regularização e de construção de unidades habitacionais.
No caso que estamos discutindo, estamos declarando
AEIS essa área em que o Município pode, sim, intervir, e é dever do Município
intervir em todas as ações em que há prejuízo para as comunidades. E, nesse
caso, está havendo prejuízo para as comunidades, porque os proprietários dos
imóveis que lá estão ficaram, por longos e longos anos, deixando a valorização
dos imóveis, para depois pressionar as famílias a saírem e para colocarem esses
imóveis na especulação imobiliária. Nós entendemos que, nesse caso, de famílias
que estão hoje em áreas em que há conflito, áreas privadas, como é o caso lá do
Passo das Pedras, o Município tem a obrigação de intervir, declarar de
Interesse Social e fazer a desapropriação. Deve fazer a desapropriação e, em
parceria com a Caixa Econômica Federal, com os programas sociais do Governo
Federal, construir habitações dignas para essas famílias. O Município tem que
ser parceiro da comunidade, e não inimigo da comunidade, como vem ocorrendo.
Não pode dizer: “Vocês estão em área privada, vão embora”!
Eu fico feliz por hoje ser um porto-alegrense –
esta Cidade me adotou há 41 anos – e fico triste quando o Município incentiva a
saída das pessoas de Porto Alegre. “Vocês peguem o dinheirinho e vão para o
lugar de onde vieram; vão para Bagé, para Aceguá, seja para onde for, que o
Município os ajuda a ir embora”. Essa não é a política que entendemos como de
inclusão social; essa é a política do afastamento das pessoas que querem viver
em cidades maiores onde haja oportunidade de construir, de progredir com suas
famílias, receber educação, construir um patrimônio. Perder a moradia é perder
o bem maior que se tem, porque ela é o lugar onde os filhos estão protegidos, é
onde se pode dar abrigo para que todos tenham educação, é onde se consegue ter
segurança. É inadmissível que deixem que alguém venha e diga: “Até agora, vocês
cuidaram deste lugar para mim. De agora em diante, vocês saiam daqui, que aqui
vai haver empreendimentos imobiliários maiores, para que outras pessoas que não
são aquelas que vivem no Passo das Pedras venham ocupar a área”. Vejo aqui o
Alceu Rosa, que está presente e conhece muito bem o Passo das Pedras. Nós
caminhamos ali, porque, ao lado do Passo das Pedras, cuja comunidade está hoje
aqui brigando por moradia, temos a Vila dos Coqueiros, que tem um projeto
habitacional destinado para essas famílias há quatro anos na Manoel Elias. Ali
deveriam estar sendo construídas habitações, e não estão sendo construídas,
porque lá, sim, permitiram que famílias de outras comunidades viessem e
ficassem ocupando a área que seria para as famílias da Vila dos Coqueiros. Nós
não vamos deixar que agora aconteça o mesmo com vocês: que outras famílias
venham para ocupar todo aquele terreno que é justamente do Passo das Pedras,
daquelas famílias que estão lá há 10, 15, 20 anos, que estão ao longo desses
anos tendo como sua a propriedade que é de justiça. Nós sabemos que o Estatuto
da Cidade é bem claro quando fala da área pública. Toda família que reside há
mais de cinco anos numa área pública pode requerer o Direito Especial de Uso,
como se a área sua fosse. O instituto do usucapião também diz que um morador
que estiver mansa e pacificamente em cima de uma área com tamanho menor do que
250 metros quadrados pode pleitear para si a propriedade daquela área. Se vocês
não têm o direito porque o Município cruzou os braços e não desapropriou, vocês
têm o direito porque a área de cada um é menor que 250 metros e têm o direito,
sim, de uso, pelo usucapião, pela propriedade e pela titularidade. Mas vamos
abrigar essa situação. Se o Município não faz a lei, o legislativo tem que
fazer. E nós assinamos juntos essa lei, somos parceiros aqui juntamente dessa
lei que o Ver. Engenheiro Comassetto protocolou, porque nós entendemos que a
propriedade é o direito sagrado constitucional das famílias necessitadas! Não é
justo que Porto Alegre hoje tenha 50 mil famílias esperando nas filas e não se
façam habitações! E não me venham dizer que não tem dinheiro na Caixa Federal!
O que não existe é projeto sendo aprovado na nossa Cauge, na nossa Cadap com
agilidade, para que as contratações aconteçam e que as pessoas logo, logo
possam ter a sua moradia digna.
Então, eu quero dizer que a nossa Bancada, do PSD,
é parceira da comunidade. Vamos votar, sim, pela aprovação deste Projeto, pois
ele é meritório e vai fazer com que as famílias que estão aqui tenham a sua
propriedade para garantir o futuro dos seus filhos. Vamos votar, sim, juntos!
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Apregoo o Requerimento de autoria do Ver. João
Antonio Dib, solicitando o adiamento por três Sessões da discussão do PLL nº
077/12.
Em votação o
Requerimento, de autoria do João Antonio Dib. (Pausa.) O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento, de
sua autoria.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, meus senhores e
minhas senhoras, eu tentei consultar o Executivo para saber do posicionamento.
É claro que é muito fácil dizer que tem o Estatuto da Cidade, mas o Estatuto da
Cidade não é de hoje; é de ontem, de anteontem e mais algum tempo. Não foi
usado quando podia ser usado e agora nós queremos usar o Estatuto da Cidade.
A preocupação que eu tenho e que me faz pedir o
adiamento por três Sessões, é que há no Plano Diretor o prolongamento de uma
avenida sobre essa área e isso precisa ser elucidado. Esse prolongamento que o
Plano Diretor prevê também estava na Administração passada e não foi resolvido.
Quer dizer, é muito fácil agora achar. Portanto, eu quero que me seja dada a
oportunidade de ouvir a Secretária do Planejamento, porque não tenho resposta
ainda. Por isso eu estou pedindo o adiamento por três Sessões. Muito obrigado.
Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra
para encaminhar a votação do Requerimento, de autoria do Ver. João Antonio Dib,
solicitando o adiamento da discussão do PLL nº 077/12, por três Sessões.
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, colegas Vereadoras, Vereadores,
principalmente Ver. João Antonio Dib, comunidade aqui presente, uma comunidade
que está instalada em uma área há mais de 40 anos, que luta para ter o direito
fundamental da cidadania – o direito à moradia –, e que só não tem esse direito
porque até então não teve a atenção do Poder Público Municipal. É uma comunidade
que se organiza, que disputa uma área, cuja maioria das pessoas que a ocuparam,
há 40 anos, já não estão mais lá, porque inclusive já não estão mais vivas; lá
estão os seus descendentes. Eu, como membro da CUTHAB, e outros colegas
recebemos essas comunidades aqui em mais de dez audiências públicas. O Prefeito
Municipal, através da sua representação, da Secretaria de Governança e de
outras, já assumiu o compromisso com esta Casa, há mais de três anos, de mandar
um projeto de lei para que pudéssemos adequá-lo no Plano Diretor como Área
Especial de Interesse Social. Esse projeto não chegou até hoje. Por uma
discussão das nossas Comissões, da CUTHAB, da Comissão de Defesa do Consumidor,
Direitos Humanos e Segurança Urbana e de outras Comissões, pediram-me, e eu
tomei a iniciativa de elaborar este Projeto junto com o Ver. Reginaldo Pujol e
com o Ver. Sebastião Melo.
Depois, antes de tramitar, consultamos todos os colegas e pedimos o apoio e a
assinatura de todos os Vereadores desta Casa. É um Projeto simples, que
reconhece a legislação que já existe – o Estatuto das Cidades –, que é a nossa
lei municipal, que é o nosso Plano Diretor, que diz que essas comunidades que
estão em áreas com um conjunto de casas, com parcelamento diferente, com ruas
diferentes, que devemos reconhecer como Área Especial de Interesse Social e,
com isso, dar entrada para que a Secretaria do Planejamento possa fazer a
regularização definitivamente e que cada um possa ter a matrícula das suas
terras e que possam acessar os programas e os projetos que hoje há no Governo
Federal, Estadual e Municipal, para quê? Para construir uma moradia digna. Não
perceber esta sensibilidade, não perceber essa busca, que, no caso aqui, essa
comunidade, a do Passo das Pedras, é não olhar para a outra cidade, que é a
cidade dos excluídos, que é a cidade dos que o Poder Público Municipal,
inclusive nós, muitas vezes, não reconhecemos o direito à cidadania. Porque
aqueles que lutam aqui – vejo aqui Conselheiros do Plano Diretor, Conselheiros
do Orçamento Participativo, Delegados –, quando conquistam uma escola para
colocar nessa comunidade, o que lhes é dito? Que não pode, porque a comunidade
é irregular. Aí, quando eles se propõem a fazer a regularidade, encontramos um
conjunto de aliados e construímos um projeto, tentamos protelar mais uma vez.
Será que não bastam os 40 anos de protelação? Será que não bastam? E esta
comunidade está aqui, dialogando com esta Casa e pedindo que seja aprovado este
Projeto, porque já abriu um diálogo com o Poder Público Municipal. Eles estão
inclusive se propondo a contribuir financeiramente para o ressarcimento lá dos
antigos proprietários; para isso, inclusive, há programas na Caixa Econômica
Federal disponíveis. Mas qual é a porta de entrada, Alceu Rosa? É que a
comunidade esteja inserida no Plano Diretor, como Área Especial de Interesse
Social. Essa comunidade, assim como outras 750 que são irregulares em Porto
Alegre, não podem mais esperar, prezado Ver. João Antonio Dib! Esta Casa é o
Parlamento; não podemos vir aqui com falsos lamentos, porque o Poder Público,
quando não faz, a população sabe que não faz. Agora, esta Casa não pode ser
tachada de não estar tratando do tema da regularização fundiária, pelo menos
daquelas comunidades que se organizam, que buscam, que constroem, que dialogam
e tentam ser cidadãs de Porto Alegre.
Nós não podemos aceitar por mais um minuto que
aqueles que querem afirmar a cidadania, que a Cidade continue os tratando como
cidadãos de segunda categoria, que não têm direito à escola, à pavimentação, a
saneamento básico, à educação e à regularização das suas casas. Este processo
tem de ser votado hoje, não pode ser protelado. Em nome da dignidade e da
afirmação dessa cidadania, convido todos os Vereadores, inclusive o Ver. João
Antonio Dib: votação, já! Um grande abraço, muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento, de autoria do Ver. João Antonio Dib,
solicitando o adiamento da discussão do PLL nº 077/12, por três Sessões.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Quero ser muito breve, porque eu sei que a
comunidade está esperando não há algumas horas, mas há alguns anos. Há alguns
anos, inclusive, a posição desta Casa, porque nós não estamos falando de
qualquer processo, estamos falando de 140 famílias que, felizmente, não
esmoreceram diante de tanta injustiça e de tanta demora para o Poder Público
responder questões fundamentais como a regularização dessa área que, hoje, deve
ir à votação, transformando a área do Passo das Pedras em Área Especial de
Interesse Social; mas há demora em resolver problemas fundamentais.
Em primeiro lugar, quero pegar três aspectos para
que a gente acelere, porque agora vamos votar o Requerimento que decide se hoje
se vota o Projeto de vocês ou se votamos pelo adiamento da votação por três
Sessões; eu estou defendendo que seja hoje, e o Requerimento solicitando o
adiamento é do Líder do Governo, Ver. Dib. Nós queremos que seja votado hoje,
porque esta Câmara de Vereadores deve uma resposta, desde 2010, a um Projeto
como este, que garanta como Área de Interesse Social para uma área na qual há
mais de 40 anos moram 140 famílias; porque a comunidade espera, do Governo
Municipal, desde o ano passado, respostas em relação à dívida que os herdeiros
do espólio têm para com o Município de Porto Alegre, a qual nunca foi
apresentada para os moradores daquela área e para os Vereadores e Vereadoras
que queriam saber por que a Prefeitura Municipal não libera esses valores que
são devidos por aqueles que nunca moraram na área, e que, agora, reivindicam
uma área ocupada, que está asfaltada, que tem água, luz, escola, dignidade.
Porque os trabalhadores e trabalhadoras deram dignidade para aquela área,
lutaram por ela com suas próprias mãos e garantiram conquistas. O que nós
queremos, aqui, é que essa área seja transformada em Área Especial de Interesse
Social, para que comece a avançar a transferência da terra para as pessoas que
vivem nela. É muito simples.
Trata-se de um direito conhecido, muitas vezes –
está nos instrumentos do Estatuto das Cidades –, como usucapião. E nós, aqui,
nesta Câmara de Vereadores, temos uma obrigação com essa população.
Então, eu gostaria de dizer que, independente...
Tem o mapa, no Projeto, da avenida, e, se atingir, mas, dando uma olhada no
Projeto, não parece atingir, será negociado com a comunidade depois. Nós
estamos falando – digo isso ao Governo e ao Líder do Governo – de 140 famílias
e de uma Prefeitura que deveria ter dado uma resposta, há dois anos, sobre a
situação do Passo das Pedras, e não deu.
Portanto, eu gostaria de encaminhar para que seja
aprovada a votação do Projeto hoje, que a aprovação do Projeto seja por
unanimidade, e que a Câmara de Vereadores comece a dar as respostas que esse
povo espera há dois anos, pois, infelizmente, não teve resposta do Poder
Público, daqueles que deveriam zelar pelo interesse público, pelo interesse do
povo trabalhador da nossa Cidade. Ainda bem que hoje a justiça está sendo
feita, e eu gostaria de parabenizar os trabalhadores e as trabalhadoras, porque
eles, de fato, merecem essa conquista. Essa luta é fruto do esforço de muitas
lideranças que, entre o trabalho e a comunidade conseguiram
organizá-la. A Câmara esteve lá várias vezes, teve Audiência Pública dentro do
próprio bairro, está na hora de aprovar o Projeto e tirar a faca do pescoço
daqueles que construíram a sua vida na comunidade. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Idenir
Cecchim está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento, de
autoria do Ver. João Antonio Dib, solicitando o adiamento da discussão do PLL nº
077/12, por três Sessões.
O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, meus vizinhos do bairro
Passo das Pedras, eu conheço bem vocês. Como eu gostaria de decidir isso e
poder construir, se eu fosse o DEMHAB; eu que moro lá na Zona Norte, na esquina
da Av. Baltazar de Oliveira Garcia, conheço bem, e aqui tem gente que mora lá há
20, 30, 40 anos. Nós estamos discutindo aqui quem fez, quem não fez, quem vai
fazer, quem não vai fazer, mas vocês já fizeram! Vocês conseguiram viver lá por
todos esses anos, mesmo sem ninguém dar bola para vocês – e isso não faz 8
anos, faz 40 anos: tem um que mora lá há 20 anos, outro há 30 anos. Então, Ver.
Engenheiro Comassetto, vir aqui e cobrar é fácil, mas eu quero ver, de uma vez
por todas, decidir e fazer ou, pelo menos, se não fizer nada para ajudar, que
não atrapalhe. Essa demagogia de vir, prometer, não dá mais, ninguém mais
acredita. Vocês saem de casa, vêm para cá, se não votarmos hoje, vão ter que
voltar nesta ou na outra semana, só que vocês não aguentam mais isso. Estou
vendo algumas pessoas de cabelo branco...
(Manifestações das
galerias.)
O SR. IDENIR CECCHIM: Muito obrigado,
obrigado pela ajuda. Mas é isto o que eu queria dizer, gente: que não
precisaria mais vir à Câmara, não precisaria mais ir lá na frente da
Prefeitura; são 30 anos, Ver. Engenheiro Comassetto, não são 4, nem 5, nem 6.
(Aparte antirregimental do Ver. João Bosco.)
O SR. IDENIR
CECCHIM: Ver. João Bosco Vaz, até nem faço questão de dizer quem fez, ou quem
deixou fazer. Não fizeram, e, por isso, vocês estão aqui. Mas vocês são muito
inteligentes. Aliás, nós, lá da Zona Norte, temos que ser um pouquinho
inteligentes e ter muito peito, porque lá na Zona Norte a gente trabalha muito,
nós vivemos trabalhando. E só agora que se lembraram do metrô – agora, há
poucos anos! Então, há 10, 12, 16 anos ninguém se lembrou, está todo mundo se
lembrando agora! Eu quero dizer para vocês o seguinte: eu vou falar alto junto
com vocês, mas com coerência. Não adianta virem alguns Vereadores, meus
colegas, os quais eu respeito, fazer demagogia. Eu respeito todos vocês, mas
não adianta virem aqui fazer demagogia. Eu não sou dessa área da habitação,
quero confessar para vocês, eu era Secretário da SMIC, e dos meus camelôs eu
cuidei. Todos eles estão com uma loja lá no Camelódromo. Eles são muito bem
tratados, com respeito, e estão lá trabalhando. Então, se cada um cuidasse da
sua área como tem que cuidar, as coisas se resolveriam. Boa sorte para vocês!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento, de autoria do Ver. João Antonio Dib,
solicitando o adiamento da discussão do PLL nº 077/12, por três Sessões.
O SR. ADELI
SELL: Minhas senhoras, meus senhores, o Gre-Nal foi domingo passado. Aqui nós
estamos discutindo um assunto que interessa à cidade de Porto Alegre,
especialmente aos moradores do bairro Passo das Pedras. Aqui não se discute o
passado, aqui estamos discutindo o presente e o futuro. O presente é de uma
insegurança jurídica sobre a situação da moradia, da estada, depois de tantos e
tantos anos, em uma região. E o futuro é o que nós todos queremos: a nossa
casa, a nossa vida, a nossa garantia. Então, não tem mais por que postergar,
não tem muito mais o que discutir. Eu participei de algumas reuniões, mas tem
gente que participou de dez vezes mais reuniões do que eu para discutir o mesmo
tema. Qualquer assunto para nós é assunto da Cidade, das pessoas. Aqui nesta
Casa foi gestado esse Projeto. Não é nem de A, nem de B, é daqueles que se
empenharam efetivamente. E não preciso nominar, porque vocês sabem identificar
quem está com vocês, quem esteve e quem estará. Não se trata aqui de uma
disputa pré-eleitoral. Independentemente do que cada um fará daqui para frente,
o direito é o direito, e o certo continuará sendo certo.
Então, o que nós devemos fazer é votar, votar logo,
sem demagogia, sem discurseira. Não preciso usar os meus cinco minutos, porque,
na verdade, o tempo é aquele que nos exige, e ele exige uma casa para morar, um
terreno para compartilhar com os filhos e com as gerações futuras. Esse é o
direito, o resto é apenas o resto. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Paulinho Rubem Berta está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento, de autoria do Ver. João Antonio Dib, solicitando
o adiamento da discussão do PLL nº 077/12, por três Sessões.
O SR. PAULINHO
RUBEM BERTA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores,
eu venho a esta tribuna hoje me colocar da seguinte forma: a nossa região vem
se desenvolvendo muito rapidamente em várias questões, mas a questão da
habitação traz seriíssimos e graves problemas. Primeiro, todos nós colocamos
que o déficit habitacional na nossa Cidade gira em torno de 70 mil moradias,
mas eu discordo, eu discordo totalmente desse déficit. Por quê? Porque se nós
percorrermos cada ocupação que existe, veremos que ela é composta de 20% de
pessoas que não têm casa para morar, e de 80% que têm casa, carro do ano, isso
quando só tem uma casa. E, muitas vezes, aqueles que precisam morar e que não
têm casa são os que ficam de fora. O dia em que quisermos fazer justiça neste
País, nesta Cidade – eu já disse isto aqui diversas vezes nesta tribuna –,
teremos que envolver o Ministério Público. Todos os 36 Vereadores desta Casa
são honestos, transparentes, e querem justiça.
Por isso eu reforço: as pessoas precisam denunciar,
nas ocupações, as pessoas que têm casa, as pessoas que têm residência. Eu
estive em uma ocupação e vi pessoas com caminhonete de R$ 80 mil, e está lá
ocupando, Ver. Kevin, um espaço que é daqueles que não têm, e, por não terem,
muitas vezes, são mais humildes.
Falando especificamente deste Projeto, de que no
início eu era o Relator, depois o Ver. Comassetto pediu o art. 81. Fizemos este
Projeto em conjunto com os demais Vereadores, e vocês podem ter certeza de que
sou favorável a este Projeto, porque jamais poderia votar contra a minha região
e contra a minha comunidade. Moro na Zona Norte, moro no Bairro Rubem Berta,
sou a favor, estive na Audiência Pública, participamos, construímos caminhos
aqui, juntos, e esses caminhos terão o meu apoio. Mas devemos ter cuidado – os
senhores e as senhoras que estão nas galerias hoje, devem cuidar também disso,
nos ajudar a fazer essa avaliação – para que pessoas mal-intencionadas não
usufruam um direito que é daqueles que não têm onde morar, ou nunca acabaremos,
nesta Cidade, com o déficit de moradia. Enquanto pessoas que têm duas, três
casas estão pegando um lote, as que não tem estão ficando na rua. Ou estão
ficando na beira do valo, na beirada do arroio, na beirada do morro, sem água,
sem luz, sem transporte. Não podemos, simplesmente, levantar as asas e
acomodá-los todos embaixo. Precisamos acomodar os que precisam, temos que ser
pelos que precisam. Não farei papel de idiota em lugar nenhum do mundo,
ajudando as pessoas que têm suas moradias para que se beneficiem em cima dos
mais humildes, que não têm onde morar.
Vocês, do Passo das Pedras, podem contar comigo,
sempre fomos parceiros, há 40 anos trabalho nessa região. Lutamos muito pela
Baltazar de Oliveira Garcia; há pouco tempo batalhamos pelo transporte. Estamos
com um Projeto dos lotações no Passo das Pedras, e, se Deus quiser, no próximo
mandato faremos isso.
Então, quero dizer que vocês terão o meu voto,
assim como continuarei lutando por vocês aqui junto com os outros Vereadores.
Parabéns e vamos construir esta estrada juntos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Em votação nominal,
solicitada pelo Ver. João Antonio Dib, o Requerimento de sua autoria, solicitando o
adiamento da discussão do PLL nº 077/12, por três Sessões. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) 01 voto SIM e 14 votos NÃO. Não houve quórum.
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza – às 15h35min): Encerrada a
Ordem do Dia.
Passamos à
PAUTA
ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/10 minutos/com aparte)
3ª
SESSÃO
PROC. Nº 1989/12 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 037/12, que
dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 2013.
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em
Pauta Especial.
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; meus colegas
Vereadores presentes nesta Sessão, meus colegas Vereadores ausentes nesta
Sessão, quero dizer para vocês que nos visitam hoje aqui...
(Aparte antirregimental do Ver. Paulinho Rubem
Berta.)
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Não tem problema, Paulinho Rubem Berta, o painel
acusa todos os presentes e acusa todos os ausentes. Quero dizer que a Pauta
Especial, agora, trata de um tema que é o Orçamento para o próximo ano, que se
chama Lei de Diretrizes Orçamentárias, que está sendo remetida para esta Casa
num valor de R$ 5,2 bilhões. Um valor que não
cabe na cabeça da maioria das pessoas sobre a grandeza que isto é e o que se
pode fazer com isso.
Agora eu pergunto
aqui: se nesse Programa, que é a Lei de Diretrizes Orçamentárias, existe um
Programa de Regularização Fundiária, há orçamento destinado para isso? Não
existe! É isso que nós temos que discutir aqui. E a votação a que vocês
assistiram há poucos minutos, é uma votação de um Governo que não assume o
papel que as pessoas precisam.
Ver. João Antonio
Dib, o senhor que mora num belo apartamento, não sabe o que é morar em uma
habitação onde há um fuzil apontado para tirar as famílias de dentro de casa.
Este é o Governo que o senhor representa! Porque é inconcebível a base do
Governo estar aqui e não votar para não dar quórum para apreciarmos um Projeto
de interesse social.
É verdade, Ver. Kevin
Krieger e Paulinho, eu cumprimento aqueles Vereadores da base do Governo que
estiveram aqui e votaram, mesmo votando contra, mas foram poucos. O que nós
precisamos é de homens públicos e de mulheres públicas que tenham opinião e
posição, porque a base do Governo, aqui nesta Casa, tem 26 Vereadores. Vinte e
seis Vereadores aprovam a Lei de Diretrizes Orçamentárias que nós estamos
discutindo sem precisar da oposição. A base do Governo deveria analisar e
cobrar, neste momento, do Executivo Municipal, pois no ano passado nós aprovamos
aqui um Orçamento de R$ 817 milhões para investimentos na cidade de Porto
Alegre e nós estamos, hoje, no fim de agosto, e sabem quanto foi realizado
desse Orçamento para investimentos? Investimento para a Saúde, mas não tem
médico, não tem medicamento. Nos postos de saúde, fazem fila a partir da
meia-noite e as pessoas chegam lá, às 5 horas da manhã, quando encontram a
ficha, e o médico não foi. Não tem gestão, desviaram R$ 10 milhões do Instituto
Sollus, houve a morte de um Secretário nesse meio-tempo e o Governo não diz
nada. Tem quatro Unidades de Pronto Atendimento, UPAs, ganhadas do Governo
Federal – o dinheiro está depositado na Caixa Econômica Federal –, e este
Governo não executa. Tem um transporte público, em que já aprovamos aqui,
inclusive, a lei dos lotações para ser ampliada, de que tem que ser feito um
estudo. Tem um Estatuto da Cidade, desde 2001, que aponta para uma
regularização fundiária e nós continuamos tendo 750 vilas irregulares, e o
dinheiro não é aplicado na regularização. Uma Cidade que tem R$ 817 milhões
para investimentos; vocês vão para o Orçamento Participativo, ganham as creches
comunitárias, mas na hora de executar não executam, coisa que já está ganha
nessa comunidade. Desses R$ 817 milhões que nós estamos discutindo aqui, da Lei
de Diretrizes Orçamentárias, foram executados, até o momento, R$ 200 milhões:
24% foi executado. Portanto, este Governo que aí está, que o Ver. João Antonio
Dib representa aqui, é um Governo nota 2.4, e, com 2.4 não se passa em nenhuma
escola, Ver.ª Sofia Cavedon, que é professora, Ver. Adeli, que é professor e os
demais Vereadores aqui que são professores. É isso que nós estamos discutindo.
Nós estamos discutindo aquele projeto da Cidade que avança, que inclui, versus
um Projeto que aí está, que exclui. Vocês foram tratados aqui, neste momento,
pelo Governo, com a postura de exclusão, de exclusão! E quem pediu isso foi o
Ver. João Antonio Dib, Líder do Governo. Eu não tenho vergonha de vir aqui
dizer.
(Manifestações nas galerias.)
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Vereador este que eu respeito, que já foi Prefeito,
que está no seu décimo mandato, mas não pode fazer isso em nome de um Governo.
Um Governo que não trata os seus cidadãos como
cidadãos, porque, pessoal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias que aí está não
produz um programa para o Minha Casa, Minha Vida, e todas as 750 comunidades
que estão em vilas irregulares moram fora do mapa da Cidade, pois não estão no
Plano Diretor. E não estando no Plano Diretor, as pessoas não têm direito à
cidadania, e ali falta o quê? Falta pavimentação, falta saneamento básico,
falta água decente, falta luz decente, falta saúde, falta educação, falta
creche para o Ensino Infantil, e aquelas mães, que não têm onde deixar uma
criança, não conseguem trabalhar. É disso que nós estamos tratando! E, mais do
que isso: aqueles que moram numa vila irregular não têm um atestado de
residência. Não tendo um atestado de residência, não estão inseridos na
cidadania e no mapa da Cidade. Pior do que isso: se não tivesse projeto... e
hoje tem um grande projeto nacional de desenvolvimento urbano chamado Minha
Casa, Minha Vida, que serve para construir habitações novas e para
regularização fundiária.
Porto Alegre é a 16ª
Capital em desempenho deste programa; é a 43ª cidade do Rio Grande do Sul,
prezado Cecchim, em investimento proporcional ao problema, porque nós temos em
Porto Alegre, Paulinho Rubem Berta, 70 mil famílias que não têm casa, que moram
em casa emprestada, ou moram de aluguel, e que ganham até três salários
mínimos. Esta é a realidade!
Então, eu venho a
esta tribuna novamente para discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias, mas eu
saio daqui, posso dizer, envergonhado em nome do Parlamento e daqueles colegas
que se esconderam hoje aqui e não reconheceram uma comunidade e seu direito à
cidadania.
(Manifestações nas
galerias.)
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Portanto, meus
amigos, Vereadores e Vereadoras, prezados representantes do Passo das Pedras e
comunidade aqui presente; aqui nós temos pessoas idosas, crianças, homens e
mulheres, brancos e negros que tem um único pedido, que buscam um único
entendimento: “Usem o recurso público que está aí no Orçamento para reconhecer
o nosso direito à cidadania”. Quero dizer a todos vocês que é o momento da
luta, que é o momento difícil que nos faz crescer, nos torna mais inteligentes,
mais sábios e nos dá mais garra para que nós possamos não só aprovar o caso de
vocês, mas construir um programa de regularização fundiária que trate das 750
comunidades que hoje não têm direito à moradia.
Portanto, convido
todos vocês para, na próxima semana, na votação deste Projeto... e não só vocês
do Passo das Pedras, convidem todas as comunidades irregulares do entorno para
virem a esta Casa, encher esta Casa para dizer: “Nós temos direito à moradia
digna, nós temos direito à cidadania, nós temos direito a casa, nós temos
direito ao saneamento básico, nós temos direito à Educação, nós temos o direito
à Saúde! Nós estamos aqui assistindo aos Vereadores porque nós votamos em
vocês”. Agora, quem vota cobra, e este ano é um ano de cobrança! Este ano é um
ano de cobrança dos projetos que fazem a Cidade evoluir e incluir. Este ano, se
diferenciam os projetos daqueles que só têm discurso e daqueles que têm
discurso e prática, porque nós não podemos mais, num Orçamento de R$ 5,2
bilhões, não destinar recursos para habitação de interesse social. E já aviso
aqui a todos os colegas Vereadores, em nome da minha Bancada, que eu tenho o
prazer de liderar: estaremos fazendo uma Emenda à Lei de Diretrizes
Orçamentárias, colocando o Programa de Regularização Fundiária como prioridade
para que toda a Cidade seja incluída. Convidamos as demais Bancadas a assinarem
junto para que esta Casa faça o seu papel, diferente do que o Governo fez hoje
por intermédio do seu Líder, Ver. João Antonio Dib, excluindo-os do direito à
cidadania e à moradia. Um grande abraço! Boa luta! Não vamos desistir, porque,
na semana que vem, haveremos de aprovar esse Projeto! Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
(Tumulto nas
galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Solicito aos
nossos visitantes...
Estão suspensos os
trabalhos até termos condições de continuar.
(Suspendem-se os
trabalhos às 15h49min.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza – às 15h51min): Estão reabertos os trabalhos.
O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, meus senhores e minhas
senhoras; eu cheguei dez vezes a Vereador desta Casa por uma simples razão: eu
nunca menti para o povo, nunca criei problemas por onde passei e deixei muitas
soluções. Por exemplo, eu nunca mentiria, eu nunca cometeria o erro de dizer
que, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, não há o Fundo Municipal de Habitação
de Interesse Social. Nunca eu faria tal coisa! O que eu fiz foi pedir que se
adiasse por três Sessões porque aí nós teríamos uma solução definitiva. Agora,
eu não tenho culpa se eu sento aqui no início da Sessão e saio no final; se os
outros não estão aqui, não me culpem por isso! Não me culpem por isso! Agora,
eu fui Prefeito e oito meses depois de ter assumido a Prefeitura...
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Ver. João
Antonio Dib, estou lhe garantindo o tempo, mas solicito aos queridos visitantes
que se manifestem só depois da fala do nosso Vereador. Um pouquinho de respeito
é bom, e a gente gosta também.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu entrei na
Prefeitura, no Serviço de Habitação Popular, e eu era topógrafo. Então, eu vi
as vilas cresceram: Passo das Pedras, Sarandi, Santa Rosa, eu vi a Restinga
crescer. Oito meses e meio depois de eu ter assumido a Prefeitura, o Passo das
Pedras estava regularizado e recebendo os títulos de propriedade sem pagar
ITBI. O Sarandi – em 1952, eu fui à inauguração da vila –, em 1983, foi
regularizado e recebeu a escritura sem ônus. A Vila Nova Brasília, a Nova Santa
Rosa, a Velha Restinga – tudo foi regularizado! Eu não criei problemas por onde
passei. Agora, eu não vou dizer que eu passei lá e não pude resolver? Tudo bem,
não pude resolver! Agora, eu não vou à tribuna dizer: “Não, a Prefeitura não
fez isso...” Mas por que não fez quando estava lá? Por que, nos 16 anos do PT,
não foi feito isso aí? Por que nos quatro anos em que alguém dirigiu o DEMHAB
não fez isso aí? Não tinha esse problema? Tinha! Tudo quanto eu pedi foi
seriedade, foi responsabilidade! Porque eu procurei saber e porque eu procurei me
informar! Porque eu sou um Vereador o tempo todo! Não é só de vez em quando que
eu estou aqui e outras vezes não! Eu quero a solução, mas quero que seja
correta! E foi por isso que eu pedi que me deem informações seguras.
O Projeto foi apresentado este ano, poderia ter
sido executado em 2006, 2007, 2008, mas não foi! Tudo bem! Agora, eu tenho o
dever de procurar me informar, e talvez eu tenha a solução que eles querem. Eu
não sei! Agora, da Câmara, aqui está. E disse ontem, com tristeza, que a Lei de
Diretrizes Orçamentárias foi discutida, ontem, com os Secretários, e eu não vi
nenhum desses Vereadores que usam a tribuna para discutir a LDO estarem lá,
porque, se eles estivem, saberiam que tem um Fundo Municipal de Habitação de
Interesse Social. É um dos programas da Prefeitura. E é assim que as pessoas
conseguem com aquelas que falam a verdade, com as pessoas que não mudam de
posição, não importando qual seja a razão. É certo? Certo! É errado? Errado! E
eu, ao logo de toda uma vida pública, não tive preocupação de encaminhar
qualquer coisa no sentido de beneficiar e também não tive preocupação de negar
quando não podia ser feito! Eu fui nas vilas, percorri as vilas, falei com
pessoas, nunca busquei proteção de nada!
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Eu fui com a minha verdade! Nunca enganei ninguém!
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Porque não havia necessidade de enganar! E agora, tudo quanto eu fiz – e
fui vilipendiado aqui – foi pedir o adiamento por três Sessões. Porque eu não
fiz nada esperando que votassem em mim!
(Manifestações
nas galerias.)
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: E se olharem a Zero Hora...
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Ver. João Antonio Dib, eu garanto o seu tempo.
Moço, por gentileza, nós temos um orador falando, e o senhor deve respeitar,
sim, este Parlamento. Por gentileza! Ver. João Antonio Dib, V. Exa. está com a
palavra.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Se olharem o jornal Zero Hora de sábado – fui entrevistado –, eu disse
claramente que, na minha primeira eleição, os meus amigos me levavam para
reuniões, e eu tinha vergonha de dizer que eu era candidato a Vereador, porque
alguém poderia pensar que eu resolvia o problema esperando votos. Depois disso,
a minha votação foi aumentando sempre! Mas eu nunca menti! Eu nunca enganei!
Nunca deixei de comparecer a este Plenário! Eu venho no início da Sessão e saio
no final! Se isso me atrapalha, se é não ter responsabilidade, então, eu sou
irresponsável. Mas, enquanto eu ficar aqui por mais 125 dias, eu vou fazer a
mesma coisa: eu venho no começo da Sessão e saio no final. Venho segundas, quartas e quintas-feiras e vou na Comissão de Finanças
todas as terças-feiras. Ninguém vai dizer que faltei, não importa que
dificuldade eu tenha para chegar lá, mas chego. E assim é que queria ver dizer
que o Governo tem 26 votos. O Governo não tem 26 votos; a Bancada do Governo
não é de 26 membros; integrantes da Bancada do Governo foram lá e falaram a
favor de votar hoje. Não me incomodei com ninguém, cada um tem a sua
responsabilidade; eu tenho a minha, quero uma solução da Secretaria do
Planejamento e espero até que seja favorável a eles. Tanto quanto eu sei, no
Plano Diretor, está pensado o prolongamento de uma rua para aquela área. Foi
tudo quanto eu fiz, não tenho nada contra ninguém, sou a favor do bem-estar de
todos. Político que é inteligente sempre fala a verdade, porque mentira tem
perna curta, e eu achei que era interessante para mim sempre falar a verdade e
sempre fiz isso e vou morrer falando a verdade, ninguém vai me fazer falar
diferente porque ou é certo ou é errado. Posso estar errado para eles e
respeito, não me incomodo, eles têm o direito de reclamar, mas quero acertar.
Se o Governo disser, através da Secretaria do Planejamento, que está certo, eu
serei o primeiro a dizer: vamos votar rapidamente. Saúde e PAZ!
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Registro a presença
em nosso plenário do sempre Vereador Reginaldo da Luz Pujol. Seja sempre
bem-vindo a esta Casa.
Solicito à nossa
Segurança para que afaste esse cidadão que está ofendendo o Ver. João Antonio
Dib, mesmo porque o Ver. João Antonio Dib não pode se locomover até lá.
O Ver. Nelcir Tessaro
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. NELCIR
TESSARO: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; público que nos assiste, eu peço
ao público que está nas galerias que preste atenção. Eu quero dizer a todos que
estão nas galerias que hoje nós tivemos um momento muito importante na nossa
Câmara de Vereadores. É aquele momento de que a gente fala no dia a dia: que
este Governo não constrói habitações sociais!
Eu quero dizer, Ver. João Antonio Dib, que essas
famílias estão há 15, 20, 30 anos naquele local, mas nunca tiveram o mandado de
reintegração na porta das suas casas nos anos anteriores; tiveram em 2010. Em
2010, tiveram mandado de reintegração de posse. Aí começaram a se preocupar e
buscar o apoio do Legislativo, que criou uma Comissão naquele local. Enquanto
eu estive no DEMHAB, de 2005 a 2008 – e é o mesmo Governo de hoje –, também o
Governo era contra fazer os decretos de utilidade de AEIS, justamente para
facilitar o cidadão. É o mesmo Governo que está aí. É evidente que o mesmo
Governo que está aí vai ser contra nos oito anos! Sempre foi contra, por isso
não atendeu àquelas comunidades. Isso é lamentável! E as pessoas têm que falar
a verdade, realmente, aqui na tribuna. Essa área já está lá no Fórum, no
Sarandi, há tempos, e a Procuradoria do Município tem conhecimento e nunca
tomou nenhuma iniciativa; cruzou os braços!
Eu quero dizer para todos que ainda estão aí, ali
fora, que eles podem ver pela planilha de votação os Vereadores que não estavam
presentes, os Vereadores que votaram ou não, os que votaram pela comunidade. O
pior é pedir adiamento e não votar o adiamento! Então, o Requerimento caiu. A
pessoa que pede não está, foi embora. Isso é lamentável! Mas isso mostra o
Governo que nos últimos quatro anos construiu 1.408 habitações atendendo à
população. E construiu asfalto em toda a Cidade. Só onde não tem residências!
Onde tem prédios comerciais, onde tem a zona rica de Porto Alegre, “Ah, sim, o
Governo esteve presente”. Onde dá voto tem asfalto! Agora, onde as famílias
estão lutando no dia a dia e precisam do amparo do Governo, essas famílias não
existem. Vão para Caçapava, vão para Cacimbinha, mas não fiquem em Porto
Alegre! Não venham perturbar o Governo que o Governo quer trabalhar! Não perturbem
o Governo, deixem o Governo trabalhar! Para poucos, para poucos! É isso que o
Governo tem feito, é isso que está fazendo, e é isso que ele mostrou hoje. Nós
estávamos pedindo, aqui, apenas para votar um projeto que declara Área de
Interesse Social, justamente para evitar que as
famílias sejam massacradas como estão sendo agora, com despejos, DJ Cassiá, na
sua porta, despejo que pode ocorrer a qualquer momento; e isso aconteceu, como
está nos jornais de hoje. Primeiro, fazem uma demolição grande; depois, a
Justiça Federal vai até lá e diz assim: “Fizeram tudo errado, agora vão ter que
indenizar”, e a empresa quer R$ 3 milhões. Então, este é o Governo. Ele tem que
agir corretamente e não prejudicar a comunidade e a sociedade.
Há problema para
falar com o Planejamento? Há problemas, então que se investigue antes. Quando
se trata de atender o cidadão, quando se trata de declarar uma simples Área de
Interesse Social, que é para facilitar a vida do cidadão, o Governo quer
postergar a votação, quer levar adiante, mas mandou para cá, mandou com
urgência, um Projeto que está aqui, o Projeto nº 1.950/12; entrou há pouquinho
aqui na nossa Câmara de Vereadores e já está aqui para discussão preliminar de
Pauta, de criação de CC. Tudo bem, a Cidade vive de CC! CC para estar nas ruas
“fazendo bandeirinha” todos os dias. “CC é importante”, Todeschini! Época de
eleição, ele faz aquele volume! Gente que não trabalha e tem um CC fantasma!
Aqui, para contemplar mais uma vez a primeira-dama do Município, na Secretaria
dos Animais, vamos criar CCs. Está aqui, CCs, cria cargo em Comissão. (Mostra
espelho da Sessão.) Pelo que eu sei, Cargo em Comissão é CC.
Eu estou falando do
que está na lei. Eu gosto de falar daquilo que está escrito. Daquele outro
assunto que eu fiquei sabendo, acho que o Ministério Público deve investigar,
porque isso é uma vergonha. É uma vergonha pior do que aquelas pessoas que
passam necessidade, que chove dentro de suas casas. O Ver. Kevin Krieger, que
trabalhou muito bem na área social de Porto Alegre, muito bem, porque andou em
todos os bairros desta Cidade, deu atendimento às creches comunitárias, ele
sabe muito bem do que falo quando digo que há pessoas que sofrem nesta Cidade.
Eu cumprimento sempre o Kevin pelo trabalho que ele fez, porque é um trabalho
que não importa o político, não importa o Partido, não importa de onde é; mas
importa o cidadão que gosta de fazer o bem para as outras pessoas.
Hoje, estávamos aqui
simplesmente cumprindo o nosso dever, Tarciso, cumprindo o nosso dever de votar
e não acabar com a Ordem do Dia às 15h30min. Nós somos pagos para votar até às
18 horas e não para fingir que estamos aqui! Eu peço que todos da imprensa
vejam a lista daqueles que colocaram seu dedo dizendo “estou presente, quero
votar, quero continuar”, porque às 15h30min, quarta-feira, dia de Sessão, dia
em que há Ordem do Dia, acaba a Ordem do Dia. “Por que votar, né? Ah, coitado
do povo... Bota na semana que vem, ou na outra, são eles que estão sofrendo,
não somos nós. Deixa sofrer. Coitado do povo”. É assim que dizem os versinhos
por aí: “Coitado do povo sempre, o povo é que sofre...” Mas ele esquece, vota
de novo, e assim vai para frente.
Então, eu quero lamentar aqui mais uma vez: nós, no
dia de hoje, quarta-feira, dia 29 do mês de agosto de 2012, terminarmos a Ordem
do Dia às 15h30min, meu caro Presidente, Ver. Haroldo de Souza.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Apregoo o seguinte
comunicado (Lê.): “O Vereador que subscreve requer a alteração da representação
do PSDB na CPI destinada a apurar fatos relativos à parceria firmada entre a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre e o Instituto Ronaldinho, a qual passará a
cargo do Ver. Luiz Braz. Porto Alegre, 29 de agosto de 2012, Ver. Mario Manfro,
Líder do PSDB”.
A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em Pauta
Especial.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Srs. Vereadores, Sras.
Vereadores, eu inicio lamentando a decisão, por maioria, de encerramento da
Ordem do Dia, quando uma comunidade inteira se desloca da sua Vila, vem para
este plenário com a grande expectativa de um apoio diante de um momento de
desespero, de angústia, de uma situação limite. Eu quero aqui recordar que o
Passo das Pedras está numa situação limite, uma situação jurídica, nas últimas
instancias, que o próprio Ministério Público reconhece que é de dificílima
resolução, e a AEIS contribuiria – a gente sabe que não tem panaceia, que não
tem mágica – para a busca de uma solução, uma mediação entre os que reivindicam
as terras como possíveis herdeiros e os que habitam essas terras há muitos e
muitos anos.
Eu preciso registrar aqui, Ver. Dib, que a retirada
do quórum, a postergação deste debate é coerente com a falta de atuação do
Município em relação a esse problema. Veja, eu não sou uma Vereadora daquela
região, mas acompanhei este tema, tanto em audiência pública que realizamos lá,
quanto no Câmara na Comunidade que fizemos lá, em função das mobilizações dessa
comunidade, do desespero dessa comunidade. E sei dos vários momentos de compromisso
assumidos pelo Governo e não cumpridos.
E aí nós olhamos as Diretrizes Orçamentárias e
vemos que a habitação, mais uma vez – e talvez seja a vigésima vez – está
colocada pelo povo de Porto Alegre como a principal prioridade temática no
Orçamento Participativo. Esse item habitação deve-se ler como habitação
popular. Podem ter certeza de que as populações que querem regularização
fundiária, que estão morando mal, morando de aluguel, morando junto com a
família é que se mobilizaram e colocam de novo a habitação em primeiro lugar. E
é a prioridade de maior investimento que a Prefeitura deve fazer em 2013,
novamente.
A Passo das Pedras pode ter uma solução mediada via
índices construtivos, via troca de área, via ajuste de contas, porque aquela
área lá tem enormes dívidas com a Prefeitura; se os herdeiros estão requerendo
agora é porque nunca deram conta de IPTU ou de qualquer imposto daquelas áreas.
Portanto, nós precisamos de uma Prefeitura
proativa, não de uma Prefeitura que deixe acontecer o despejo, não de uma
Prefeitura que, de novo, não viabilize a AEIS para essa comunidade.
Se a Cidade fala que a habitação é prioridade – e
habitação popular –, não se entende como é que o Município manda uma Lei para
esta Casa em que vai alienar 279.433 metros quadrados de índices de estoques
construtivos públicos e pretende que esses recursos sejam destinados não ao
Fundo de Habitação Social, Dib. Não! Esses recursos novos, pela Lei que o seu
Governo mandou para cá, irão para um fundo que se chama Funcopa, para obras da
Copa. Portanto, o Governo Municipal não cumpre o que está no Orçamento
Participativo, em que a habitação popular é prioridade número um. O Governo
Municipal coloca como prioridade a Copa do Mundo, as tais obras da Copa do
Mundo.
E a Cidade está dizendo não a isso, a Cidade está
reagindo a isso. A Cidade não acha que a Copa do Mundo é prioridade número um
em Porto Alegre. E não é só a periferia da Cidade: é a Anita Garibaldi; é aqui
pertinho, nas intervenções que a Copa fará no Centro da Cidade. Há uma reação
da cidade de Porto Alegre.
E um Governo eleito democraticamente, ainda mais
nesta Cidade que tem a participação direta, deve respeitar a decisão popular.
Eu acho que nós temos que fazer essa análise e intervir nessas Diretrizes
Orçamentárias, para respeitar a vontade da população e a sua necessidade
prioritária, que hoje é a habitação popular, com a regularização fundiária.
No tempo que me resta, volto ao tema da Educação,
tema que analisei por dez minutos na Sessão de segunda-feira, com dados, com
números, e não com ofensas, como o que, infelizmente, aconteceu na sequência.
Eu quero trazer outros dados, organizados pela
nossa assessoria, que quero aqui elogiar, que mostram o que eu dizia na
segunda-feira: que a Educação não tem sido respeitada. A Educação consta como
segunda prioridade – na verdade, já esteve em segunda, terceira e já esteve em
quarto lugar em Porto Alegre –, definida pelo Orçamento Participativo.
Na Educação, nos últimos cinco anos, a média de
investimento foi de 26,5%. A Lei Orgânica do Município, que todos nós temos que
cumprir – nós, os Vereadores, especialmente o Prefeito e seus Secretários,
porque é a Lei máxima do Município de Porto Alegre – prevê 30% das receitas
líquidas de impostos e transferências. E o Município de Porto Alegre, nos
últimos cinco anos, investiu 26,5%.
Nos valores atuais – novamente, agradeço à
assessoria pelo cálculo –, R$ 87,5 milhões por ano foram subtraídos da
Educação. E eu dizia que a Educação tem, pelo menos,
três graves problemas em Porto Alegre – pelo menos três graves problemas! Um
deles é uma rede inteira de creches conveniadas – 206, 207 ou 209, mais de 200,
duas centenas de creches conveniadas – que atendem crianças de zero a cinco
anos, que não recebem pelo custo dessas creches. E mais de R$ 400 milhões não
foram investidos na Educação nos últimos cinco anos, determinado pela Lei
Orgânica do Município. Essas creches comunitárias, repito, pedem às famílias
que paguem para colocar seus filhos lá. Repito: fazem festas, buscam editais,
buscam apoio nas empresas privadas, porque não recebem pelo trabalho que
realizam, pelo trabalho estratégico, pela política pública de Educação básica;
não é suplementar, não é complementar, não é eventual, é política de Educação
básica. Não recebem pelo custo da
política que realizam no lugar do Município de Porto Alegre, que gastou R$ 400
milhões a menos em Educação do que deveria gastar nos últimos cinco anos.
O segundo problema
grave da cidade de Porto Alegre em Educação: faltam professores – eu volto a
afirmar que faltam professores. Nós temos escolas sem atendimento em
laboratório de aprendizagem, porque o professor está cobrindo sala de aula. Nós
não temos mais a política de substituição de licença-maternidade, que hoje são
seis meses e mais as férias; são sete meses em que fica uma professora a menos
dentro das escolas. Nós temos muitas escolas em que não têm matemática no
segundo ciclo; houve uma mudança de entendimento da grade curricular e não tem
matemática. Temos concursos realizados, temos cargos vagos, e não entendo
porque a Prefeitura gasta menos em Educação e deixa sem professores as salas de
aula.
E o terceiro problema
grave em Educação, grave: nós temos falta de guardas municipais; este, junto
com a construção de escolas, que é o quarto problema. Têm sido retirados os
guardas municipais das escolas municipais. A Escola Municipal Professor Eliseu
Paglioli Especial, na semana passada, fez a festa de aniversário e foi
assaltada no dia seguinte; levaram os equipamentos, porque a Escola não tem
mais guarda municipal, assim como escolas infantis que têm paralisado,
que têm se reunido com a Secretaria, pela diminuição de guarda municipal. E
comunidades inteiras que dependem da construção de escolas para as crianças
deixarem de usar ônibus para irem à escola. Crianças de 6, 7, 8 anos, como na
Quinta do Portal, onde 600 crianças pegam ônibus para irem à escola. A
comunidade já ganhou a escola no OP, a comunidade já conquistou o terreno, e a
comunidade não consegue que a SMED priorize construir a escola, assim como na Av.
Prof. Oscar Pereira. Então, é muito sério.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias, a lei do
Orçamento, não pode, Ver. Dib – e eu não pude estar na reunião da CEFOR –,
descumprir a Lei Orgânica, que eu saiba. E eu espero que nós possamos adequar,
porque é isso que está acontecendo na Educação. Está sendo descumprida a Lei
Orgânica, estão sendo retirados mais de R$ 80 milhões do Orçamento da Educação
a cada ano, e a Rede Municipal está sofrendo brutalmente com isso.
Nós temos a substituição de professores que faziam
projetos belíssimos, como na Escola Municipal José Loureiro da Silva, na Vila
Tronco, que era uma escola que tinha o Centro Municipal de Educação em Dança,
maravilhoso, de nível internacional, que abria seminários internacionais.
Conquistaram espaço físico, sala com espelhos, e hoje não tem nenhum professor
do quadro dando aula no Centro em Dança da Escola Loureiro da Silva, Ver. Dib,
que preza tanto o ex-Prefeito Loureiro. A SMED criou, por decreto, o Centro de
Dança do Loureiro. E o que faz a SMED? Retira os professores dos projetos,
transforma tudo em oficineiros, e o resultado já aparece; o IDEB baixo da Rede
Municipal tem razões de ser, tem muitas razões de ser. Primeiro, que a gente
não usa como único critério, mas é importante saber que uma escola que inclui
muito, uma escola que atende as crianças mais carentes no seu desenvolvimento,
nas suas possibilidades de experiência, uma escola que vem perdendo
professores, que vem perdendo segurança, que vem perdendo investimentos, porque
o Orçamento Participativo da Educação, Ver.ª Celeste, colocava, todo ano, um
valor importante em Educação, e acabou. Acabou, não tem, não existe, terminou
com esta gestão do Prefeito Fortunati, que eram alguns milhões a mais por ano
para as escolas que apresentavam projetos de qualificação pedagógica. Acabou.
Então está aí explicado por que não se cumpre a Lei Orgânica. Retiram-se
recursos daqui para colocar onde? Volto à reflexão, aqui dizia o Ver. Tessaro:
a criação de CCs, que foi exacerbada; a criação de Secretarias que só têm CCs e
nenhum investimento – várias Secretarias; agora, uma grande licitação do lixo.
É para onde está indo o recurso que sai da Educação, da Cultura e do Esporte,
opções de gestão que nós queremos modificar.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Haroldo de Souza): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra em Pauta
Especial.
A SRA. MARIA
CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza, nesta análise da Lei de
Diretrizes Orçamentárias de 2013 que está aqui, eu já havia iniciado uma discussão
na Sessão anterior, Ver. Todeschini, em cima da vida real e daquilo que
efetivamente tem acontecido com o Orçamento da Cidade e com a Lei de Diretrizes
Orçamentárias de 2012; aliás, dos últimos cinco anos. Nós temos visto que tem
se repetido a prática do Governo de encaminhar para cá um alto volume de
investimentos numa peça fictícia de Orçamento e de Lei de Diretrizes, e, quando
vamos verificar na prática os dados disponibilizados pela própria Prefeitura,
aquilo que estava previsto como investimento sequer acaba sendo empenhado e
raramente é executado. Essa tem sido a prática do Governo atual: elevar grandes
números e fazer um discurso de altos investimentos na Cidade, quando, na
prática, isso não acontece.
O Sr. Carlos
Todeschini: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Maria
Celeste, eu quero corroborar com a sua manifestação, porque a Lei de Diretrizes
Orçamentárias e a Lei do Orçamento Plurianual são as leis mais importantes que
temos por aprovar como Vereadores. Recebemos aqui uma mensagem do Executivo. O
Executivo promete para si, para a Cidade e para a Câmara que realizará um
orçamento que, neste ano, é de R$ 4,77 bilhões. Quando falo esse valor para as
pessoas, elas ficam impactadas, porque é muito dinheiro, muito recurso. Desse
valor, 47% são gastos com funcionalismo: pagamento da folha, uma pequena parte
com os aposentados, e uma outra pequena parte com os financiamentos. E o
restante é para custear os serviços da Prefeitura: saúde, ruas, iluminação,
limpeza urbana, etc. No entanto, temos visto um abandono geral da Cidade,
porque não justifica ter cerca de R$ 2 bilhões para manutenção da Cidade e não
haver serviço nenhum. Sem falar nos investimentos. Já estamos completando o
segundo quadrimestre do ano, e apenas a quarta parte do plano de investimentos
foi realizado.
É lamentável, corroboro com sua manifestação, a
Cidade está completamente abandonada, esta é a realidade em que vivemos.
Obrigado.
A SRA. MARIA
CELESTE: É verdade, Ver. Todeschini. Se olharmos aquilo que foi previsto como
investimento para o ano de 2012, ou seja, R$ 817,6 milhões, o que foi aplicado
efetivamente – dados que estão disponibilizados na página da Prefeitura até o
dia 24 de agosto, no fim do oitavo mês deste ano – são apenas 25% do previsto,
como o senhor havia colocado, R$ 205 milhões de investimentos na nossa Cidade.
Esta é a cidade real. E, quando nós falamos desses números, nós estamos falando
da ausência de proposta na Educação, na Saúde, na Assistência Social, onde a
gente verifica diuturnamente a ausência de médicos e remédios nos postos de
saúde, a necessidade de as pessoas enfrentarem filas, filas que já não começam
mais de madrugada, começam no dia anterior, para conseguir uma consulta com um
médico num Posto de Saúde da Família. Isso nos incomoda, nos entristece, como o
fato de não termos aqui votado hoje um projeto extremamente importante do Ver.
Comassetto e demais Vereadores desta Casa; quando falamos da possibilidade da
regularização fundiária de uma vila consolidada há mais de 40 anos na Cidade de
Porto Alegre, o Passo das Pedras. Falo disso porque, quando nós vamos olhar o
que há disponível para regularização fundiária dentro da Lei de Diretrizes
Orçamentárias – e é verdade quando o Ver. Dib fala que há um fundo disponível
para isso –, na prática, o que é aplicado é uma execução zero. Temos 750 vilas
irregulares esperando anos e anos por uma decisão política, uma decisão de
governo para que haja efetivamente a condição de cidadania. Em algumas não há
luz, em outras não há água, em tantas outras não há saneamento básico, o que
não ocorre com essa comunidade do Passo das Pedras. Ali isso já está
consolidado, ali há água, há energia elétrica e também o saneamento, há asfalto
em algumas ruas; isso já existe efetivamente. O que falta é uma vontade
política de declarar aquela uma Área de Interesse Social. Há um litígio
judicial de muitos anos, é verdade, e a Câmara como um todo não se omitiu nas
diversas vezes em reuniões em que essa comunidade procurou a Câmara Municipal,
tanto na CUTHAB quanto na Comissão de Direitos Humanos, quanto na Presidência
da Casa. Eu lembro que, no ano passado, em 2011, sob a Presidência da Ver.ª
Sofia Cavedon, fizemos uma Audiência Pública lá na Associação Passo das Pedras, em que a comunidade colocava as suas
preocupações. Cento e quarenta famílias com uma Ação de Despejo, com uma espada
cravada em suas cabeças. Fizemos um Grupo de Trabalho, fomos à Prefeitura, Ver.
João Antonio Dib, conversamos com a PGM e com a Secretaria de Governança,
chamamos a Secretaria de Planejamento, e qual foi a resposta dada? Estaremos
pensando em um projeto que possa ser levado à Câmara Municipal. Isso já faz
quase um ano! Essa comunidade esperou durante um ano por uma iniciativa, por
uma proposta do Executivo, que aqui não chegou. E quem é cobrado? Os Vereadores
que vivem na Zona Norte, eu, especialmente, que sou moradora da Zona Norte, e
tantos outros Vereadores que moram nos diversos bairros da Cidade, são
cobrados, muitas vezes, inadequadamente, pela inoperância de um Governo
Municipal. Isso aconteceu, especificamente, com essa comunidade, todos os
Vereadores aqui fizeram um esforço sobre-humano para ajudar na resolução desse
problema e desse litígio judicial, inclusive com audiência no Ministério
Público, em que pude participar, e a alternativa encontrada foi essa. Agora,
estranho muito, Ver. João Antonio Dib, que o senhor precise de mais um prazo
para uma análise desse Projeto, sendo que o Governo teve 12 meses para
apresentar a proposta, apresentar o Projeto, encaminhar para esta Casa, e não o
fez, foi necessário que um Vereador propusesse, tivesse essa iniciativa, e aqui
apresentasse a esta Casa. E hoje isso é chamado de demagogia, porque cumprimos
o nosso papel, a nossa atribuição, inclusive na proposta de projetos tão
importantes quanto esse. É dessa forma que o Governo trata as comunidades, é
desse jeito que o Prefeito e o os seus Secretários vêm tratando, especialmente
a comunidade do bairro Passo das Pedras, ao longo desses últimos quatro anos,
quando aqui aportou o problema, quando aqui chegou, pela Câmara Municipal, a
iniciativa e a vontade da regularização fundiária daquele Bairro.
Lamentavelmente, o que nós presenciamos nesta tarde nos envergonha, não como
Vereadores, mas nos envergonhamos de ter um Governo Municipal que não tem vontade
política de resolver os problemas da Cidade, que se compromete, diante de uma
Comissão de Vereadores, em encaminhar um Projeto, encaminhar solução e não o faz.
É bem verdade que nós já estamos acostumados com esse discurso do atual
Prefeito de Porto Alegre, nós já estamos acostumados! Por quê? Porque nós,
verificando os números, verificando os dados da Lei de Diretrizes Orçamentárias
deste ano, vemos que, mais uma vez, vai acontecer uma grande possibilidade de
intenções, uma carta de intenções, promessas evasivas, elencando, ao longo da
Lei de Diretrizes Orçamentárias, várias propostas, programas e iniciativas que
sequer tem efetivamente vontade para realizá-las.
É disso que nós estamos falando, quando a gente
verifica que principais projetos, como a duplicação da Av. Edvaldo Pereira
Paiva, para a qual foi previsto aplicar R$ 44 milhões, Ver. Adeli Sell, foi
aplicado, até agosto, apenas R$ 2,4 milhões. Obras: por exemplo, a construção e
pavimentação de vias: havia previsão de quase 30 milhões; foram efetivamente
aplicados apenas R$ 1,8 milhão para a execução dessas obras previstas. E tantos
outros projetos e programas que eu acho que é um recorte e cola, Ver. Dib, da
Prefeitura, porque todos os anos eles apresentam os mesmos programas, os mesmos
projetos. Ali a mesma música é tocada, trazendo, de novo, grandes
investimentos, um volume enorme de investimento, e, quando a gente vai
verificar, na prática, a aplicação e a execução é zero.
Registramos, então, alguns desses projetos com
execução zero, só para exemplificar. Obras contra as cheias da Av. Cavalhada:
quatro anos sem serem executadas; há quatro anos, Ver.ª Fernanda Melchionna,
consta no plano, no projeto, na Lei de Diretrizes Orçamentárias da Cidade.
Cooperação entre as polícias e as relações institucionais: execução zero. Nota
fiscal eletrônica: execução zero. Qualificação do sistema de semáforos da nossa
Cidade: execução zero. Projeto Saúde da Mulher, o único projeto e programa que
tinha no Orçamento, desde 2005; em 2007, foi efetivamente retirado e continua
ali com execução zero. O Instituto Municipal da Estratégia da Família, que foi
um Projeto polêmico, discutido nesta Casa: a execução dele até agora é zero.
Portanto, este governo tem que parar de mandar para
esta Casa uma carta de intenção, e, efetivamente, dizer o que quer fazer pela
cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, a senhora pode
ficar tranquila, Ver.ª Maria Celeste, que nós estamos numa época de paz, Ver.
Adeli Sell. Eu fico só escutando a reclamação das obras não concluídas. Eu acho
que há algumas coisas aqui que nós precisamos colocar nos lugares. Ver. João
Antonio Dib, o pessoal da oposição quer que o Secretário da Fazenda pague antes
de as obras serem feitas. Nós estamos aqui respeitando a sociedade. Por
exemplo, a trincheira da Rua Anita Garibaldi já estaria começada, mas a
sociedade pediu para dar mais uma discutida, e nós estamos fazendo isso. E não
tem como pagar, Ver. Comassetto, Ver.ª Maria Celeste, não dá para pagar antes,
isso não pode. Só pode em Brasília, lá eles adiantaram o dinheiro, mas está
dando no que deu hoje: o “mensalão” – todo dia estão falando. Eu acho que esse
“mensalão” está ajudando os nossos queridos Vereadores da oposição a falar em
números grandes, porque lá, sim, eram milhões, milhões, milhões que estavam
indo e foram ladeira abaixo. Agora, a discussão começou a chegar num ponto,
Ver. João Bosco Vaz, que não tem mais volta. Agora o pessoal está sendo
condenado, e a sociedade começou a olhar: de onde é que é esse pessoal, que
levou tanto dinheiro embora do país! Eles levaram embora, literalmente. Quem
era o chefe de tudo isso? Mas ele não sabia, ele não sabia de nada; o chefe do
mensalão não sabia de nada, não tinha o conhecimento do que estavam fazendo lá em Brasília, e
era muita gente botando a mão no dinheiro público. Eu acho muito interessante
discutirmos a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Tem que discutir, tem que se ver
as obras prioritárias, é verdade! Os Vereadores são pagos também para isso, ou
principalmente para isso, para discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias,
sobre isso eu concordo com os Vereadores da oposição e da situação. Isso é
papel do Vereador: fazer essa discussão, saber para onde vai o dinheiro do
Município. Agora, nós não podemos pegar como exemplo o Orçamento e querer que
se pague sem executar as obras, Ver. João Bosco Vaz. Não, não se pode fazer
isso, nós temos que cuidar, zelar pelas finanças públicas. Está certo que, na
época da administração do PT, gastavam muito pouco e só pintavam meio-fio;
quando foram fazer uma 3ª Perimetral, fizeram tudo errado! Esqueceram das trincheiras,
os viadutos que fizeram, fizeram em curva e, na curva, há parada de ônibus,
Ver. DJ Cassiá, na 3ª Perimetral. E eu não posso criticar o PT por causa disso,
porque nós reclamávamos que eles só pintavam meio-fio, e eles resolveram fazer
obra grande, fizeram errado, era melhor tê-los deixado pintar meio-fio, daria
menos prejuízo à Cidade! Daria menos prejuízo, seria só o calzinho, eles
pintariam, achariam bonito e botariam o dinheiro no Cidade Viva. O Cidade Viva
iria às maravilhas, o meio-fio pintado, as pessoas passariam e diriam: “Nossa,
como está bonito”. Era muito menos prejuízo, nós fomos inventar de reclamar que
eles só faziam isso, eles começaram a fazer a 3ª Perimetral, mas fizeram pela
metade, tudo pela metade! A 3ª Perimetral não anda! E eles não tinham pago
nenhuma prestação; a primeira prestação foi paga pelo Prefeito Fogaça. Além de
terem feito errado, não pagaram! E, agora, eles querem que paguemos as obras
antes de serem feitas, Ver. João Dib! Não é possível! Nós temos que fazer a
discussão da LDO, agora, das coisas impossíveis não dá, as pessoas começam a
ficar preocupadas quando ouvem isso, Ver. Haroldo de Souza.
Eu
termino antes do tempo que me é concedido, porque eu vejo o Plenário com alguns
Vereadores, a maioria já cansados dessa discussão, Vereador-Presidente. Tenho
certeza que V. Exa., ao verificar o quórum, constatará que está na hora de
encerrarmos a nossa Sessão. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Foi feita solicitação de verificação quórum?
(Pausa.)
(Aparte antirregimental do Ver. Adeli Sell.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Mas o Vereador Idenir Cecchim confirma a
solicitação de verificação quórum.
(Aparte antirregimental do Ver. Adeli Sell.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Já passou a discussão da Pauta Especial, Ver. Adeli
Sell. (Pausa.)
(Aparte antirregimental do Ver. Adeli Sell.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Já passou porque três Vereadores discutiram a Pauta
Especial, e, se um Vereador falar, já é o suficiente.
Visivelmente, não há quórum. Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 16h43min.)
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